A Estranha Ótica de Um Sobrevivente


Depois da última batalha, do último tiro disparado, ainda posso ver meu corpo, rastejando silenciosamente pela noite, que abraça todos aqueles que sobrevivem a um amor perdido. Não existe dor maior, que a dor de um amor que se foi. Mas ex-amores não morrem. Sobrevivem e passam a viver como fantasmas em nossos pensamentos. As vezes, nessa estranha ótica, que tem todos aqueles que são sobreviventes dessas noites inválidas, desses amores impossíveis, penso que seria melhor não ter vivido. Então, num "flash" de lucidez, encontro na minha própria confusão, a razão de ser de tudo isso. Como um soldado aprendiz, que sonha servir sua pátria e em batalha vencer o inimigo eu entreguei o meu amor a tantas guerras. E como um soldado assustado, vi meus sonhos tombarem diante dos meus olhos. Mas, assim como o soldado que sobrevive para contar os horrores da guerra, eu também sobrevivi ao inimigo íntimo. O que eu posso dizer de cada um, dos amores que tive na vida, preenche poucas linhas. Mas, se for falar das batalhas que travei dentro de mim, toda vez, que o inimigo me derrubou expondo a minha fragilidade, certamente, estarei escrevendo o livro da minha vida.