3 x 4

Hoje, enquanto caminhava, e admirava aquele imenso céu azul sobre Floripa, lembrei-me do que disse estes dias sobre não fazer parte do mundo, mas sim o mundo fazer parte de mim. Realmente, estava certo. Não importa onde eu esteja. Eu enxergo em preto & branco. Vivo de sombras, nuances. A aquarela da minha vida deve estar perdida em algum canto escuro, enterrada no porão, daquela casa vazia. Sou uma pessoa de sorrisos discretos, beijos demorados e olhares tímidos. Não sei fazer tipo. Não consigo disfarçar sentimentos. Vivo cada segundo como se fosse o último. Tenho um olhar crítico que percorre cada calçada, cada esquina, cada rua. Não vejo pessoas, mas sim enxergo através delas. Vivo de pensamentos, gestos, atitudes. Tudo em mim reage, nada passa em branco. Existe um universo de informações e nada se apaga, tudo se publica. São tiragens limitadas porém concorridas de alguém que abraça a tudo e a todos. Que se doa por quase nada. Mas que honra, cada instante, cada momento. Alguém que sabe que na verdade não vivemos. Morremos aos poucos. Para mim, é sempre a última vez. O último beijo, o último abraço, a última palavra, a última noite de amor. Sei que um dia, a chama irá se apagar. Mas, também sei que tudo se eterniza dentro de mim e nas lembranças que gravo, em todos que passam pela minha vida.