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Johnny Escreve Canções Sobre Fantasmas: September 2006

Tuesday, September 19, 2006

Quem é ela?

Não sei dizer se algum dia terei uma resposta para esta pergunta. O fato é que cruzei novamente por aquela menina. Ela me deu um sorriso discreto, e por trás dos óculos escuros, pude ver a beleza que ela teimava esconder. Lembro-me da primeira vez que a vi, estava linda, cabelos soltos e um sorriso que não me atrevo a descrever. Percebi no seu olhar um pouco de tudo que tenho procurado tanto e encontrado tão pouco em outras mulheres. Ela parecia feliz, e não tinha pressa, pelo contrário, caminhava vagarosamente em minha direção, transformando aqueles poucos segundos, em uma adorável eternidade. Quem sabe um dia, eu encontre um nome para ela. Mas, por enquanto, deixo tudo assim, e sem pressa rabisco as primeiras palavras de uma história, que sonho em escrever.

Friday, September 15, 2006

Pequena Sala de Troféus

Johnny não me disse nada pela manhã, mas pude notar que acordou feliz. Os fantasmas deram um tempo e voltaram a interpretar a sua condição de mobília na casa vazia. Melhor assim. Como disse, outro dia, não me assusto mais com eles. Sei que vão estar sempre presentes na minha vida. O que me assusta é que não domino as minhas reações. Algumas vezes tudo é tão breve como um beijo de despedida, e em outras tudo se arrasta como uma noite sem fim. Mas já não existe desespero, apenas um gosto amargo e a certeza que jamais esquecerei. Não guardo mágoas por muito tempo, mas carrego cicatrizes que teimam em sangrar. E não importa quanto tempo eu viva, elas sempre estarão lá, estampadas em meu peito e gravadas na minha alma. São medalhas e troféus de guerras insanas. E não existem vencedores. Por isso não estranho, quando choro ao ver em outros rostos, a dor que um dia senti. Mas sigo em frente,carregando minha pequena sala de troféus , rumo a uma nova estação.

Thursday, September 14, 2006

Sem Palavras
Os fantasmas voltaram. Acordei com a bagunça deles, no quarto escuro. Pensei comigo..."é só um pesadelo". Mas, depois vi que era verdade. Eles estavam ali, na minha frente, e carregavam com eles o que havia sobrado da minha dignidade. Definitivamente, eles perderam o respeito por mim. Liguei o rádio, mas a rádio estava fora do ar, ou melhor, estava no ar e se ouvia apenas a agulha de um toca discos batendo no selo do vinil. Pelo menos, foi o que entendi. Percebi que a casa vazia sofre. Johnny, não quis se pronunciar à respeito do assunto. Mas, acho que está sofrendo também. Todos estamos. E não sei quando isso irá acabar. O que sei é que tudo é muito injusto neste mundo cinza. Mas, enquanto o sol não brilha, eu rabisco grafites e desenho os primeiros traços de um futuro incerto. Eu peço licença e lavo o rosto. A água que esconde as lágrimas também serve para dispertar. Balanço a cabeça de forma negativa e abraço a mim mesmo. Estou sem palavras.

Tuesday, September 12, 2006

I'm a loser, baby!

Não se engane, aquele rosto no espelho não é meu. Você pode querer viver uma vida de ilusões, mas jamais vai poder pagar o preço que ela cobra. Se suas roupas parecem gastas, e seus calçados já não calçam bem, não se assuste...beba menos Jack Daniels e vá ao shopping. Certa vez, ela me disse: "Você precisa de umas roupas novas". Pensei comigo, "Jogadas sobre as suas, no chão, daquele motel barato, de beira de estrada, elas pareciam legais". Não consigo fazer pose, e sua carreira de modelo, só existe nos seus sonhos. I'm a loser, baby! Meu passaporte está vencido e Londres fica cada vez mais distante. Você se ilude, ouvindo o último som da moda, mas tudo que eu quero roda em um vinil. Eu sei, você ainda se emociona, ao ouvir contos de fadas, e para mim já basta, escapar dessa privada! I'm a loser, baby! E vc, quem é?

Saturday, September 09, 2006

Vôo Cego


Existe qualquer coisa de suicida nestes amores que me atraem. São vôos cegos, que me arrastam para braços estranhos, e não existem beijos roubados, nestes meus amores. Pelo contrário, são furtos conssentidos, da inocência perdida. Eu rabisco planos e mais planos, para depois me trair, me entregando ao inimigo, que se deleita com o banquete oferecido. Mas não me desespero e me lanço ,sem chances de sobreviver, em um novo vôo louco sob o céu. Do alto do meu desespero, deliro com sonhos bobos de um amor perfeito, mas bem sei que ele não existe. Então, afogo minhas mágoas e brindo a desgraça de uma vida sem amor. E recuso as migalhas, que me servem por onde passo. Se não tenho o amor que quero, não darei o amor que não tenho. Não alimentarei mais ilusões, nem sonhos frágeis, de meninas equivocadas. Descanso, por enquanto, ainda me bate um coração. E espero, por dias não tão estranhos, como os que agora me fazem chorar.

Friday, September 08, 2006

Johnny Escreve Canções Sobre Fantasmas

Johnny escreve canções sobre fantasmas
Johnny escala montanhas
as vezes Johnny alcança o céu
as vezes Johnny cai no abismo
Johnny é um poeta
Johnny é um anjo caindo no
precipício
do alto das montanhas
as lágrimas de Johnny
caem como pingos de chuva
mas a dor de Johnny é maior
que tudo isso
Johnny vai à guerra
lutar por um amor perdido
a espada de Johnny
é o seu coração
Johnny padeceu diante
de seu maior pecado
Johnny morreu de amor
Interview


Johnny finalmente concordou em conceder a entrevista para o blog. A casa vazia se abriu para nós. Lá de dentro percebemos o quanto ela é grande. Confira a seguir em primeira mão.


Blog- Em seus textos e poesias você sempre se refere a uma "casa vazia". Em certos momentos nos remete a algo concreto e em outros a algo abstrato. Afinal de contas, o que é a "casa vazia"?

Johnny- (Risos) Desculpe, não pude evitar. A "casa vazia" é a chave de tudo. Entretanto, não existe uma chave para a casa. Você pode entrar, mas jamais vai conseguir sair.

Blog- (Interrompendo) Agora fiquei preocupado.

Johnny- (Risos) Ela surgiu de uma frase minha..."Eu sou assim como aquela casa vazia, habitada por fantasmas e repleta de histórias." Significa o corpo, a alma e o coração do poeta. E os fantasmas são as recordações, os amores perdidos.

Blog- Aproveitando que você falou nos fantasmas...eles são muitos?

Johnny- Não, pelo contrário. Porém, são todos muito fortes e assustadores. Eles estão em tudo que escrevo, sem eles talvez nem existisse.

Blog- Seu nome saiu de onde?

Johnny- O nome Johnny saiu da cabeça do Marcus. Apareceu pela primeira vez em uma poesia, que inclusive da título ao blog ("Johnny Escreve Canções Sobre Fantasmas"), no final da entrevista vamos postá-la. Depois da poesia teve a história do andarilho, contada no profile do blog, e depois disso ficou difícil não associar o nome a "pessoa".

Blog- O Marcus sempre se refere a você como sendo "o lado escuro da lua". O que você tem a dizer sobre isso?

Johnny- Acho que ele é um pouco exagerado (Risos). Na verdade, no início de tudo, há uns quinze anos atrás, éramos quase góticos. Aliás, a poesia gótica sempre nos fascinou. Depois vieram as imagens de uma terra prometida, de amores verdadeiros, nuvens de algodão, e outras coisas mais doces e melosas.

Blog- Você é um romântico?

Johnny- Acho que todos somos. O grande problema é que nem sempre somos correspondidos. Deve ser por isso que muitos fingem não ser. É uma questão de proteção. Mas, todo mundo precisa de amor e romance. Existe algo melhor?

Blog- Sexo?!

Johnny- (Risos) Sexo é importante, mas dura menos que um sonho bobo. O resto é ginástica.

Blog- Você é do tipo que acredita em amor verdadeiro. O que é amor verdadeiro para você?

Johnny- Pergunta difícil. Na verdade, não saberia dizer com certeza, mas para mim amor verdadeiro é aquele que você não espera e recebe, não lhe pedem mas você dá, não se esconde mas você procura, não se vê mas está lá..."tão perto de seus olhos, tão distante de você" (citando a si mesmo).

Blog- Há muito vocês tem anunciado a publicação de um livro. Este livro sai ou não sai?

Johnny- (Risos) Sai. No próximo inverno escreveremos e no final de 2007 deve ser publicado.

Blog- Será um livro de poesias?

Johnny- Não. Mas isso não quer dizer que ela não apareça, em fragmentos, citações, ou até mesmo, poesias completas. Na verdade, não sabemos ao certo que rumo vamos tomar. O que sabemos é que será uma viagem fantástica. Algo, ao mesmo tempo, non sense e incrível. Algo que em alguns momentos fará sorrir e em outros chorar. Será um épico de amor e dor, de sonho e desespero.

Blog- Será o primeiro livro de vocês?

Johnny- Será o primeiro publicado. Nós temos dois livros de poesias que não saíram da gaveta. Um é uma coletânea. O outro é um trabalho mais elaborado que tem o título de "Poesia em P&B".

Blog- Johnny, gostaria de agradecer a oportunidade e também pedir que você deixasse uma frase para nós.

Johnny- Obrigado à você. A casa vazia está sempre aberta a visitações. A frase que deixo é a seguinte: "As pessoas são como montanhas, você só percebe o tamanho delas, quando do alto se dá conta do universo que as rodeia", ou seja, "São tão grandes que não cabem em si mesmo".

Tuesday, September 05, 2006

Radio Song

Chega uma hora em que tudo na vida se transforma em uma canção de rádio. Tudo passa a ser música. E com vc não poderia ser diferente. Sua lembrança já não me perturba...me diverte. Suas palavras tristes são pura microfonia. E então penso comigo...onde estão os irmãos Reid? Eles já foram, sumiram. Você também. Meu player lê pensamentos, traduz emoções...provoca náuseas, espanta fantasmas. E como diria o poeta..."solidão...que nada!" Meu coração é uma gravadora...e este selo não pertence a ninguém. Talvez eu grave uma canção na qual possa ouvir o seu nome...talvez apenas escreva alguns versos tolos, pois bem sei que vc não merece refrão. Mas não se preocupe...todos um dia caem no esquecimento. Vc para mim...é como aquele vinil, que encontrei no sebo...uma capa linda, mas estava arranhado.

Monday, September 04, 2006

Baby, onde vc está?

Em Floripa faz frio e a minha
tristeza virou cartão postal
os fantasmas se divertem
e este silêncio todo me faz
perguntar

Baby, onde vc está?

As noites são tão longas e tudo
me faz recordar...qdo estava
em Porto Alegre e os viadutos
da Borges me faziam pensar
em Londres

Baby, onde vc está?

As ruas parecem não ter fim
mas me levam sempre a um
mesmo lugar

Do alto das montanhas eu
posso ver todas as luzes da cidade
mas nada me faz enxergar

Baby, onde vc está?

As vezes penso em viajar
sumir por um ou dois anos
mas depois desisto de tudo
me perdendo de seu olhar

Baby, onde vc está?
Mais do Mesmo

Meus dias passam iguais. E a vida tem se mostrado um somatório de todos os meus medos...Medos? Não!!! Eu não sinto medo. O que vejo não me dá medo...é apenas um slide dos meus piores sonhos. Coisa pouca...eu sobrevivo sempre. Os fantasmas nem me procuraram este final de semana. Acho que ficaram com pena...e me livraram de sua covardia. Mas não me desespero. O tempo sempre me consola...a noite me consola...Johnny me consola. Mas se por um instante eu fraquejar e chorar...não me leve a mal...é coisa rápida. Não pense...que estou triste...acredite não estou. É que as vezes tudo fica assim tão cinza e um vento gelado ultrapassa as janelas fazendo estremecer a casa vazia. Quando isso acontece eu fico assim...feito bicho acuado...lambendo as próprias feridas.

Friday, September 01, 2006

10:22 am friday...

O sol está de volta. Johnny está de volta. Estamos bem. Os fantasmas desfilam pela casa, mas não me assustam mais. Agora fazem parte da mobília. Estão lá...mas é como se não estivessem. Me sinto feliz, Johnny está mais calmo. Concordou em conceder a entrevista para o blog. Minha amiga Flávia parece estar bem. Acho que resolveu abrir algumas portas. Fico feliz por ela.